sábado, 1 de maio de 2010

O pão do povo (B. Brecht)

A justiça é o pão do povo.
Às vezes bastante, às vezes pouca.
Às vezes de gosto bom, às vezes de gosto ruim.
Quando o pão é pouco, há fome.
Quando o pão é ruim, há descontentamento.

Fora com a justiça ruim!
Cozida sem amor, amassada sem saber!
A justiça sem amor, cuja casca é cinzenta!
A justiça de ontem, que chega tarde demais!
Quando o pão é bom e bastante
O resto da refeição pode ser perdoado.
Não pode haver logo tudo em abundância.
Alimentado do pão da justiça
Pode ser feito o trabalho
De que resulta a abundância.

Como é necessário o pão diário
É necessária a justiça diária.

Sim, mesmo várias vezes ao dia.
De manhã, à noite, no trabalho, no prazer.
No trabalho que é prazer.
Nos tempos duros e nos felizes
O povo necessita de pão diário
Da justiça, bastante e saudável.

Sendo o pão da justiça tão importante
Quem, amigos, deve prepará-lo?

Quem prepara o outro pão?

Assim como o outro pão
Deve o pão da justiça
Ser preparado pelo povo.

Bastante, saudável, diário.

3 comentários:

victor simoes disse...

Olá Linda, desejo que tudo esteja bem contigo!

Relativamente a este texto, gostaria de dizer, que o problema está no egoísmo, na má gestão e destribuição dos recursos, que permitem a uns terem tudo e outros não terem nada!
O problema também está, em quem tem responsabilidades cívicas e que faz dos olhos cegos, dos ouvidos surdos e da voz muda!
Assim se perpetuam as desigualdades, perante a incapacidade de reacção de um povo espoliado de tudo... é dever de todos nós, abrir janelas e mostrar o que está para além delas.
É dever de todos nós denunciarmos as falácias políticas, demonstrar que o mundo pode ser melhor, se o povo se instruir, se o povo não baixar os braços e for à luta, poderá não ser já por nós, mas pelos nossos filhos e netos!
Vale a pena...

Desejo-te um bom fim de semana.
Bjs deste lado do oceano.

Carlos Pires disse...

É curioso que um indivíduo tão lúcido como o Brecht fosse simultaneamente tão cego: defendeu os regimes comunistas mesmo quando já era evidente que eram regimes ditatoriais e social e economicamente ineficazes, elogiou Estaline...
Seja como for, os artistas não são obrigados a dizer a verdade nas suas obras, nem a ser exemplares na sua vida e Brecht foi um poeta extraordinário.

victor simoes disse...

Analisando com seriedade a obra de Brechtiana – coisa que os “detractores” de Brecht não fizeram – verifica-se que a sua obra aínda é actual ou, pelo menos
– e isso talvez equivalha a sempre – enquanto houver a exploração do homem pelo homem, a injustiça social, a miséria e as lutas de poder...

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